ypê

Antes que o tempo mude (como é a promessa pra amanhã), deixa eu dizer que adoro esses dias de inverno: céu azul, nenhuma nuvem, ar morno (porque o sol) e flores de ypê atapetando o chão onde quer que se vá. Aqui em casa temos o nosso, amarelo, um buquê a cada inverno. Lindo, lindo.

piando

Então vamos com calma.

O Twitter é o hype do verão por essas bandas. Sinceramente, eu (ainda) não entendo muito bem qual a motivação do MSN gigante. Estou lá há meia hora, seguindo umas dez pessoas e sendo seguido – ainda me ambientando e tal.

Não duvido que daqui a pouco o serviço vire mania entre o pessoal e o orkut perca seu posto. Por enquanto, como era o orkut em priscas eras, a coisa tá organizada e funcionando como um espaço pra difusão de boa informação. Acho que continuará após a invasão, claro – será o caso, apenas, de saber onde clicar.

Do lado de cá…

O professor Milton Santos foi um daqueles homens raros que habitam esse mundo. Digo isso sem tê-lo conhecido – infelizmente -, mas com certa propriedade, por conhecer quem tenha podido conviver com ele, por ter lido já muitos de seus livros e por compartilhar com ele, mui humildemente, devo acrescentar, certa visão desse mundo e da ciência que ajudamos a construir, ele, obviamente, infinitamente em maior grau e com mais competência do que eu.

Sobre o que faz, ou melhor, deveria fazer desse senhor motivo de orgulho à comunidade científica brasileira, mais especificamente, à comunidade de geógrafos desse país, cabe destacar não só sua produção acadêmica – laureada mundo a fora, ainda parcialmente conhecida por aqui -, mas também, e especialmente, sua biografia. Milton nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, no ano de 1926. Era negro. Um intelectual negro. Brasileiro, nordestino e negro: esses três adjetivos são suficientes pra que se tenha idéia das dificuldades pelas quais passou este homem.

Graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia em 1948 e dez anos depois, recebia o título de doutor em Geografia pela Universidade de Estrasburgo, na França. Voltou ao Brasil, lecionando na UFBA, até ser exilado do País pela Ditadura Militar. Passou a viajar pelo mundo, acolhido por inúmeras universidades onde lecionou: em Paris (Université Paris Paris-Sorbonne IV), na França, em Nova York (Columbia University), nos Estados Unidos, em Toronto (University of Toronto), no Canadá, e em Dar-es-Salaam (University of Dar-es-Salaam), na Tanzânia. Voltando ao Brasil, após a Democratização, trabalhou junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por um breve período, mas foi na Universidade de São Paulo (USP) onde fixou-se definitivamente, atuando, desde 1984, como professor-titular do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Ainda como reconhecimento a seu brilhante trabalho, foi-lhe atribuído o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, em 1994, tido como o mais importante concedido pela comunidade geográfica; além dos títulos de doutor honoris causa da Universidade de Toulouse (1980), da Universidade Federal da Bahia (1987), da Universidade de Buenos Aires (1992), da Universidade Complutense de Madrid (1994), da Universidade Estadual da Bahia (1995), da Universidade Estadual do Ceará (1996), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996), da Universidade de Passo Fundo (1996) e da Universidade de Barcelona (1996).

Sua obra sempre teve um objetivo muito claro, que permeou os mais de 40 livros que publicou. O professor pretendeu com seu esforço, procurar novo parâmetro para a análise que a Geografia se propõe a fazer do Mundo. As bases metodológicas da ciência foram revistas por Milton Santos e seus alunos; e como resultado de anos a fio de profundas reflexões, análises e discussões, essas pessoas trouxeram à baila uma nova proposta de método para os geógrafos. Um método centrado no materialismo-dialético de Karl Marx – sem, contudo, ao menos em sua gênese, fazer qualquer opção por uma leitura ortodoxa da obra do economista alemão, tão comum às produções acadêmicas da década de 1970 entre as Ciências Humanas. Nas palavras do professor:

Nosso desejo explícito é a produção de um sistema de idéias que seja, ao mesmo tempo, um ponto de partida para a apresentação de um sistema descritivo e de um sistema interpretativo da geografia. Essa disciplina sempre pretendeu construir-se como uma descrição da terra, de seus habitantes e das relações destes entre si e das obras resultantes, o que inclui toda ação humana sobre o planeta. Mas o que é uma boa descrição?

Descrição e explicação são inseparáveis. O que deve estar no alicerce da descrição é a vontade de explicação, que supõe a existência prévia de um sistema. Quando este faz falta, o que resulta de cada vez são peças isoladas, distanciado-nos do ideal de coerência próprio a um dado ramo do saber e do objeto de pertinência indispensável.

(Milton Santos, A Natureza do Espaço, 1996, p. 18)

Morreu em 2001, vítima de câncer, quando ainda recebia os cumprimentos por seu livro “Por uma outra globalização“, onde destrincha este período histórico que vivemos, apontando suas perversidades e chamando nossa atenção para a possibilidade de uma outra saída. A globalização, à medida que avança, destrói certas solidariedades locais, minando o tecido que une as pessoas, desconstruindo as relações sociais, o entendimento do outro como realidade paralela à sua, o convívio, o respeito, homogeneizando tudo, passando uma foice no mundo, pretendendo igualar as diferenças na base do consumo de massa – o tal “globaritarismo“, nos dizeres do professor.

Como ele nos ensinou, é assim que funciona essa globalização que aí está – que começou no século XVI e se intensificou no último quarto do século XX, quando foram inventados os suportes materiais que possibilitaram a rápida expansão do ecúmeno como todo o planeta – diferentemente de outras épocas, quando ele se restringia ao alcance dos meios de comunicação existentes. Mas há outra possível, que utiliza esses mesmos avanços tecnológicos sem, contudo, sufocar as mentes, embotando suas resistências. Uma possibilidade que, nascendo da intenção de justiça social, criaria um mundo potencialmente melhor para todos.

Na prática, essa outra globalização tem acontecido. A força para seu surgimento vem, justamente, de onde menos se poderia esperar: de baixo pra cima. Trata-se do Período Popular da História, como descrito por Milton. As camadas populares têm, na medida do possível, conseguido ir contra a ordem geral. São ações que vão desde o surgimento de mercados fundiário e imobiliário dentro das favelas (como apareceu hoje, domingo, no programa Planeta Cidade da TV Cultura), tudo informal, sem escritura, autorização, número ou carimbo, até aviões entrando em duas torres no umbigo do Mundo ou pessoas usando seus Mikes ao invés dos caros Nikes das vitrines dos shoppings centers. Ela tem acontecido, a outra, e a maioria das pessoas não sabe bem como reagir a ela. Normalmente apenas fecham os vidros blindados dos carros quando passam perto de algum “lugar perigoso”.

Mas por que tudo isso?

Primeiramente, pra te apresentar ao professor Milton de Almeida Santos, se você ainda não o conhecia. Depois, pra te dizer que nesse último dia 17 de agosto estreou em vários cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília um documentário que expõe de maneira bastante incisiva as idéias do Milton. Chama-se “Encontro com Milton Santos: O mundo global visto do lado de cá“, produzido pela Caliban e dirigido por Silvio Tendler, importante diretor que tem em seu currículo outros documentários de sucesso como “Jango” e “Anos JK“.

Recomendo fortemente essa película que foi escolhida como melhor filme pelo júri popular do Festival de Cinema de Brasília, em 2006. Não só porque leva ao público a Geografia em seu estado mais puro, mas também porque trata-se de um registro muito bem feito das idéias de um senhor que merece, mesmo depois de sua morte, ser respeitado como um dos maiores intelectuais desse País.

Segue o trailer. Fica o convite.

“o pato… vinha cantando alegremente…”

O Paulo Polzonoff nos traz todos os domingos anúncios daquilo que veremos em seu blog na semana que começa. Eu jamais conseguiria fazer algo assim… Sou patologicamente desorganizado. O que consigo fazer – com um esforço sobre-humano, diga-se – é tentar lembrar alguns fatos passados durante a semana (mas não com tamanha precisão: o que eu chamar de “ontem” pode ser, na verdade, um dia qualquer, dias atrás).

Chegou por esses dias na escola onde dou aulas um garoto intercambista. Um garoto polonês. Garoto polaco simpático, calado, mas que já conquistou admiradoras em várias turmas da escola. Alto, loiro, olhos verdes… Não era pra menos. Poliglota, o garoto fala cinco línguas (alemão, espanhol, italiano, inglês, além de polonês) e veio aprender a sexta. Da qual ainda pouco entende, a não ser a maioria dos palavrões, os cumprimentos mais comuns, alguns nomes de bebidas e respostas retóricas – que até nós outros usamos tão automaticamente quanto ele. Tem sobrenome impronunciável e veio de Koszalin, na Pomerânia, região do norte da Polônia, perto do litoral do Mar Báltico e da fronteira com a Alemanha – lugar de onde vieram, há algumas décadas, os imigrantes alemães que colonizaram partes da Região Sul e do estado do Espírito Santo… Coisas de Europa.

Aliás, falando em Europa, não paro de descobrir festivais europeus dedicados à World Music. O último, achado hoje, é o que aconteceu no mês de Julho em Sines, uma cidade portuguesa, no litoral do Alentejo, como tem acontecido desde 1999. No site do Festival da Música do Mundo (FMM), encontramos a programação do evento neste 2007 e é possível ler algumas pequenas resenhas sobre cada artista ou grupo de artistas que se apresentaram por lá. Alguns me chamaram a atenção e logo em seguida pus-me (já que o tema é Portugal, às ênclises) a buscar suas produções – com relativo sucesso. (E um viva à Internet e à rede P2P!) Dos que lá estiveram, busquei (e alcancei) por:

  • Galandum Gilundaina, um grupo de músicos tradicionais mirandeses, ou seja, formado por pessoas nascidas no pequeno conselho de Miranda do Douro, no norte de Portugal, que buscam, através da manutenção de suas tradições musicais e lingüísticas, permanecer existindo através dos tempos enquanto povo (a língüa mirandesa tem status oficial perante a constituição portuguesa, mas carece de ações afirmativas um tanto mais ousadas pra que possa alcançar seu objetivo básico e monumental de continuar a existir);
  • meu croata mais querido (de quem já falei aqui, noutra oportunidade) e sua banda multi-nacional, Darko Rundek & Cargo Orkestar, que lançou disco novo no ano passado – “Mhm A-Ha Oh Yeah Da-Da” – e que, a julgar pelo entusiasmo da resenha no site do festival, deve continuar incrível, tanto quanto o anterior, “Ruke“;
  • a mistura improvável do Deti Picasso (Дети Picasso), banda de rock sediada em Moscou, composta por dois músicos/irmãos armênios e três músicos russos, de cuja música os organizadores do festival dizem o seguinte: “(…) alterna momentos plácidos, quase ambientais, com explosões psicadélicas, onde estão em evidência a guitarra de Garen [um dos irmãos armênios] e, sobretudo, a voz fulgurantemente mal-comportada de Gaya [a outra irmã]“;
  • um pessoal da Ucrânia, inventores do “ska dos Cárpatos”, chamados Haydamaky – o nome dado a uma revolução ocorrida no país em algum século muito antigo, como se quisessem, os integrantes, resgatar algo daquele passado. Especialmente verdadeiro se notarmos que a banda esteve presente no cerne das convulsões que agitaram a Ucrânia em 2004, quando o povo conseguiu tirar do poder um certo presidente mal-intencionado;
  • gêmeas do País Basco, Maika e Sara Gómez formam o Ttukunak e tocam um instrumento tradicional chamado “txalaparta“, que os bascos usavam pra se comunicar, fosse pra que fosse, há muito tempo e que evoluiu para um instrumento instigante: que precisa ser tocado por duas pessoas ao mesmo tempo e é formado por tiras de madeira e metal – vai dizer se não é incrível? -;
  • a portuguesa Lula Pena, sobre quem só encontrei elogios por toda a Internet – desnecessário maiores explicações. A moça e seu violão mesclam influências as mais variadas, mas que só são o que são por conta de sua voz: simplesmente indescritível.

Além desses todos, há muito mais – brasileiros, inclusive, como o bandolinista (melhor do mundo) Hamilton de Holanda. Vale a visita e vale a prospecção musical – nesses termos, mesmo, porque nunca é a coisa mais fácil encontrar arquivos compartilhados de “músicos do mundo”.

E porque já escrevi muito, apesar de ter mais pra escrever, e pelo adiantado da hora (são seis horas das manhã de um domingo frio), termino dizendo que passei hora feliz ouvindo a gravação do encontro acontecido em 2000, de João Gilberto e Caetano Veloso, em Buenos Aires. O João Gilberto é chato a não mais poder, mas canta e toca lindamente. O Caetano é chato, faladeiro, intrometido e bobo, mas quando só canta, a gente perdoa e aproveita a beleza da coisa toda. É uma bolachinha incrível, com momentos de fazer chorar. Feito essa interpretação de “Avarandado”, do vídeo que fecha o post longo da madrugada.

escadinha

… e tinha um menino. gostava de tirar fotos sem saber de nada. escrevia sobre o que imaginava – que era tanta imaginação e tudo tão colorido…

menino correndo.

atrás de pipa e cachorro amarelo do rabo-espanador…

e de gente que fugia: achavam que o menino era estranho.

mas aí ele queria saber o que era estranho. e pra achar quem explicasse?

estranho é nada. nem existe. se ninguém diz, como é que existe? (escreveu o menino.)

sabe quando a música faz voltinhas de bater o pé no chão acompanhando? menino adora. sweetie, do Josh Rouse é assim.

rá. menino que sabe das coisas…

ciclo vicioso

Todo dia, um pouquinho por dia, ele se ocupava de imaginá-la nas tarefas mais comuns. Enquanto preparava suas aulas, pensava no que ela estaria fazendo naquele momento e acrescentava – por sua conta – alguns floreios, que não faziam mal a ninguém.

Se lhe pedissem pra falar dela, costumava suspirar longamente antes de pôr no rosto um sorriso bobo. Esse ritual se prolongava por três ou quatro segundos – o tempo suficiente pra suscitar no interlocutor (amigos do trabalho, sua mãe, o cobrador do ônibus, seu Aníbal, sempre o mesmo) a certeza silenciosa do quanto aquele rapaz amava sua companheira. Depois usava a maioria dos adjetivos que conhecia pra descrevê-la. Como resultado das inúmeras vezes em que tudo isso se repetiu, a moça já era considerada a mais bela e inteligente mulher da cidade; que não chegava a ser uma cidade pequena – o que só aumentava o orgulho dele.

Voltava pra casa sempre ansioso. Enquanto não punha os olhos nela, tudo era menor, menos importante. Quando, enfim, encontrava-se com ela, as coisas todas perdiam sentido e ele já não se prendia a nada – apenas à contemplação.

Gostavam de passear – mãos dadas – pelas ruas do bairro. Lugar calmo, sem grande movimento. Havia uma praça e bancos; ali se sentavam. Conversavam sobre amenidades… Ele lhe dizia – talvez pela milésima vez – sobre uma conversa qualquer em que, mais uma vez, alguém perguntara sobre ela. Repetia, fitando aqueles grandes olhos negros, todos os adjetivos e advérbios que utilizara pra apresentá-la ao atendente da padaria. A fila se estendera até a calçada, mas em todos os que esperavam viam-se apenas olhares satisfeitos: mirando o rapaz, mas assistindo em suas próprias mentes, momentos em que poderiam descrever (ou quando descreveram) suas pessoas queridas com toda aquela poesia.

Conheciam o vizinho da casa em frente. Na verdade, conheciam todos os vizinhos – que não se furtavam a chance de pará-los em sua caminhada vespertina e observar de perto toda aquela alegria. Mas o vizinho da frente era um caso especial… Ouviam sua cantoria todas as noites. Era um professor universitário, cabelos brancos; a maneira como colocava os óculos (meio torto, enviesado) sempre fazia com que sorrissem ternamente. Várias vezes convidaram-no pra jantar e trocavam impressões bem particulares sobre música: eles lhe apresentando novidades “dos jovens” (como ele dizia) e, ao contrário, o professor lhes trazendo duas “velharias”.

Numa noite em especial, sabiam que era aniversário do professor e compraram um bom vinho tinto de mesa, prepararam um assado (com boa variedade de legumes e temperos) e convidaram-no à sua casa, a fim de comemorarem mais um ano do velho amigo. Como retribuição, o professor levou-os ao seu terraço e mostrou, com dedicado prazer, antigas fotografias de viagens feitas ainda na adolescência – acrescentando, aqui e ali, comentários acadêmicos que, se os dois não entendiam, ele logo notava e explicava mais detalhadamente. (O professor costumava ser um homem solitário e triste antes desses dois. Mesmo duvidando profundamente, costumava agradecer a Deus em sua “conversa noturna” por aquele simpático casal.)

Se havia futuro e problemas, se as duas coisas (juntas ou não), não importava. A ele, bastava saber que quando chegasse em casa, ela estaria lá – ainda se (des)arrumando do trabalho: os cabelos soltos mas ligeiramente no formato do rabo-de-cavalo, os olhos baixos enquanto estivesse recapitulando os deveres do dia seguinte, a camiseta larga, um pouco rasgada, indo até os joelhos – escondendo uma nudez convidativa logo abaixo –, a mesa bagunçada, com muitos papéis e a grande bolsa (de espaço infinito)… Pra em seguida, como sempre, seus olhos encontrarem o dela e o mundo desvanecer, a espera do beijo tão aguardado. Era feliz. E sabia disso. Todos sabiam. E eram felizes no momento em que se lembravam da felicidade deles. Sorrindo sorrisos bobos na fila da padaria ou no banco do ônibus.

Porque era possível – ainda que ninguém pensasse nesses termos.

enfrentando

Eu não sei o que faz uma fotografia ser boa. Nunca fiz curso algum sobre fotografia. Nesses anos todos de faculdade, tive vontade de tentar alguma coisa lá dentro… Mas algumas pessoas me desencorajaram, disseram que é muito difícil conseguir (do que não duvido), que é como um jogo de cartas marcadas: além dos alunos pra quem o curso é reservado, só faz quem conhecer alguém dentro do Instituto de Artes. No fundo é só desculpa… Talvez se eu tivesse ao menos tentado, conseguiria saber dizer agora o que faz uma fotografia ser boa.

Acho que muito desse julgamento é feito de elementos abstratos, mas não me surpreenderia com uma apostila imensa chamada “Características de uma boa foto”. Se faz apostila pra tudo; por que não pra isso também?

De qualquer forma, passei algum tempo revendo fotos antigas que eu tirei. Vou publicá-las no flickr contrariando meu já famoso TOC – que me pede, encarecidamente (se bem que de um modo bastante rude), que respeite a ordem cronológica das fotos e não coloque coisas antigas na frente de novas.

As fotos do Rio de Janeiro já ficaram atrás das que tirei em Curitiba, no ano passado. É um avanço, mas me incomoda tremendamente. Mesmo assim, vou colocar as fotos lá…

Mesmo sem saber o que faz delas boas fotos, segundo esse meu julgamento parcial e duvidoso.

œil ou camouflage…

Às vezes a gente gosta de experimentalismos musicais por um único e pungente motivo.

A gente sabe – e se apraz em saber – que muita gente se incomodaria com esse gostar. É quando a gente percebe o incômodo que seguimos gostando com ainda mais carinho.

(Fica claro que quando digo “a gente” quero dizer “o Thiago”.)

Tem experiências musicais que irritam. Aos outros. O fato de alguém ter paciência pra elas. E é nessas horas… Exatamente nessas horas, que o sabor fica ainda mais cheio de nuances.

L’Occelle Mare. Não tem nem site oficial além do MySpace. Coisa fina. Que irritaria muita gente. Finíssima!

(Não disse que o Yes! We Have Bananas! valia a visita?)

doce.

Vou comendo morangos com leite condensado e pensando na vida…

Ainda não será esse o meu ano de formatura na faculdade. Erros de cálculo durante os anos anteriores acabaram criando uma situação complicada em que me meti e da qual não vejo meios de sair – a não ser esperar mais um semestre pra pegar, enfim, meus diplomas de licenciado e bacharel em Geografia. Se tudo se confirmar, serão seis anos e meio de um curso que é previsto para cinco. Não é tanto mais e, de verdade, não me incomoda… A não ser o fato de que vou acabar me formando com uma turma diferente. Mas até aí… O canudos serão os mesmos.

(Acho que eu deveria dizer leite condensado com morangos. Pra ser mais coerente, você sabe…)

Descobri o Skype. Mas não consigo utilizá-lo da melhor maneira porque minha webcam e minha placa de som estão com defeitos. E dinheiro, pelo menos por enquanto, é item raro. Minha idéia era comprar essas coisinhas e mais uma câmera de fotos nova – essa aqui -, mas não vai dar. Problemas. Dinheiro-problemas.

(Duas últimas colheradas: só leite condensado.)

Passei as duas últimas horas ouvindo as trilhas sonoras de Lost in Translation e Marie Antoinette, da Sofia Copolla. Falem o que quiserem sobre os filmes, mas as escolhas musicais são fantásticas… Inclusive, por conta dessa audição, estou baixando o Psychocandy, do Jesus and Mary Chain – onde está “Just Like Honey“, uma das faixas da trilha, a música que termina junto com o Encontros e Desencontros. Da “coletânea” New Wave que é a trilha de Maria Antonieta eu gosto muito de Bow Wow Wow e New Order, mas não me animei a baixar nenhum disco deles, pelo menos por enquanto.

(Refrigerante de maçã. Não sei se vendem similares em outras partes do país, mas se achar, pode experimentar – por minha conta. É muito bom.)

Ouve: se você tiver que se apaixonar loucamente, que seja por uma mulher que esteja ao seu alcance. Vai por mim… Essa história de gostar de impossibilidades não tá com nada e só fode com a vida de um cara. Ele se esmera, cuida bem, tá sempre ali, presente… Quando você menos espera, pronto. A moça começa a namorar outro – igual a você, mas outro. Não. Igual, não. Diferente… Seria demais que ele fosse igual. Bom, sem me desviar: se for se apaixonar, veja lá quem vai escolher. Sempre tem alguém próximo. Pelo menos “menos longe”.

(Acho que preciso de mais leite condensado…)

Vai lá, baixa An Pierlé. Una Piel de Astracán – blog-musical desde Valência, na Espanha (terra do meu avô)

Ou você vai aqui e baixa a bolachinha do Petty Booka – uma dupla de japonesinhas que cantam músicas havaianas. É divertido. Aliás, passeie pelo Yes! We Have Bananas! e baixe mais coisas (descendo, tem o novo do Spoon, do White Stripes, do L’Ocelle Mare, Feist e tal).

sem acento…

E olha, menina Olivia Maia, do ótimo Forsit, no Digestivo Cultural. Proseando sobre papel e internet, livro publicado – expectativas: as boas, as más, as realizadas, aquelas por descobrir -, literatura em tempos modernos, onde leitor fica mais próximo, resposta mais instantânea e quando não saber a quantas anda o livro de papel fica chato, muito chato.

Menina Olivia inventou agora uma “experiência blogo-literária”. Está publicando a cada semana um novo capítulo de sua “novela folhetinesca” com temática policial e o talento já demonstrado outras tantas vezes. Vale a visita, a assinatura do feed e, sempre que possível, os comentários pra moça saber o que os leitores têm achado da coisa toda.

links, Islândia, geografia…

Você só faz perguntas difíceis! Eu não sei por que eu esperava ansiosamente por um pontinho na Islândia, mas eu esperei – desde a primeira vez que coloquei um desses mapinhas de acessos nos meus blogs.

Se você insiste muito – como você sempre faz, e pra essas coisas eu tenho boa memória –, posso pensar em alguns motivos pra esperar por um pontinho na Islândia.

Vem de lá uma das bandas que mais me emocionam nesse mundo. Sigur Rós é figurinha fácil nos meus fones. Assino o feed do site da banda e de vez em quando tenho boas notícias; como, por exemplo, a promessa de um lançamento para o fim desse 2007 e começo do 2008. Vem aí um disco novo, com regravações e apresentações ao vivo. Além dele, está pra sair um filme. É, um filme gravado pelos quatro durante apresentações em toda a Islândia. O (lindo) trailer desse filme pode ser visto no site oficial do Heima – ou indo até o site da banda e escolhendo uma das outras opções de formato.

A Islândia me impressiona pela incrível quantidade de ótimos artistas que “brotam” na ilha. Além do Sigur Rós, poderia citar sem medo: o múm (que acabou de lançar disco novo: Go Go Smear the Poison Ivy), o quarteto de cordas Amiina (que acompanha o Sigur Rós e acabou de lançar seu primeiro disco: Kurr), a islo-italiana[?] Emilíana Torrini, a banda Benni Hemm Hemm, etc., etc., e claro, a querida tia Björk Guðmundsdóttir, com seu recém-lançado Volta, que vem ao Tim Festival desse ano.

Assistindo ao trailer do filme do Sigur Rós dá pra ter uma idéia do quanto aquela ilha é bonita – apesar do ambiente rigoroso e caótico.

O território islandês é o resultado de convulsões submantélicas, responsáveis pelo concomitante encontro/afastamento entre duas placas tectônicas – que cada vez mais alargam o Oceano Atlântico, à medida que o magma extravasa por essa “rachadura” na crosta, que forma, ao longo do oceano, uma cadeia montanhosa chamada Dorsal meso-atlântica, cujos picos criaram inúmeras ilhas em todo o Atlântico.

Além disso, o fato de a ilha estar situada logo abaixo do Círculo Polar Ártico dá uma idéia da motivação dos primeiros colonizadores (os vikings, que lá chegaram e se fixaram durante o século nono D.C.) terem escolhido o nome do lugar: “Ísland“, literalmente, “Terra de Gelo”. E o clima só não é mais rigoroso por conta da influência da corrente marítima do Golfo do México, que não permite o congelamento completo dos oceanos nem das terras emersas.

Tudo isso junto contribuiu para o surgimento de cenários fantásticos: uma convivência forçada entre fogo e gelo. Há vulcões, gêiseres, geleiras, rios caudalosos, campos cobertos por gramíneas, planícies lunares… Salpicadas aqui e ali, cidades que parecem feitas de Lego (com casinhas coloridas e ruas estreitas); a maior delas, Reykjavík, com míseros 118mil habitantes.

Não sei se dá pra dizer que a Islândia é um lugar único… Seria ufanismo demais. Os outros países que também se localizam em latitudes altas têm características semelhantes – tanto cultural e demográfica, quanto ambientalmente falando. Mas é pra essa ilha que eu iria sem pestanejar. Fosse à passeio, feito turista, mas especialmente pra ficar mesmo…

pontinho na IslândiaE foi por essas coisas todas e mais tantas outras que eu fiquei esperando ansiosamente pelo pontinho na Islândia no mapa de acessos do blog.