Summer 78

O ano começou e o que eu faço por ele é ouvir Yann Tiersen. Eu poderia sentar na cadeira ali fora e ficar olhando a chuva, passando um pouco de frio, contando os pingos um por um. Mas mentindo quando chegasse perto do sessenta. Sempre que chego ao sessenta eu conto um, dois, três, quatro, até chegar ao dez e daí eu preciso lembrar que o dez é o setenta e mesmo depois disso, continuo onze, doze, treze, até o vinte, quando, então, digo oitenta. É difícil falar sessenta e setenta várias vezes. Bom, eu podia fazer tudo isso pelo ano, mas preferi ouvir Yann Tiersen. Pra ser mais exato, ouço a trilha sonora do Good Bye, Lenin!, que foi feita por ele. É muito bonito. Não poderia se esperar algo diferente de “bonito” do Yann Tiersen. É incrível.

Tenho uma teoria pra contar qualquer dia. Já contei pra Marina e pro meu caderno. Teoria sobre música, geografia e gente. Música estranha, geografia política e gente interessante. Um dia eu conto… Está escrito no caderno, então a chance de eu esquecer é um pouco menor.

Inventei uma coisa nova nesse ano que começou ainda há pouco. Agora, é um cadernão, com folhas grandes e pautadas. E fica tudo ali. Tudo o que me venha à cabeça, a qualquer hora e que pareça ou não digno de nota, vai pra lá. Já tem algumas coisas. Duas páginas. Inclusive a teoria e um poema do Manuel Bandeira, “O Rio”, que diz assim:

Ser como um rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas no céu, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio, as nuvens são água
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas.

Tem também outra coisa sobre dois-mil-e-sete. Se dois-mil-e-seis era melhor de escrever (2-0-0-6), dois-mil-e-sete é melhor de falar.

Quero mudar o nome do blog. Chega de inglês… Quero português, simples. O quanto antes.

Ficamos assim, então, Ano. Eu me disponho, você está disposto. A você que vê de longe essa conversa minha com ele, deseje-me sorte e bons ventos.